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quarta-feira, 30 de março de 2016

O pastor é uma pessoa compromissada




O pastor é uma pessoa compromissada
com Deus, com o lar, com a igreja
e com a sociedade. A ação pastoral
é complexa e exige dele um comportamento polivalente.
Na ação pastoral, o Ministro precisa ser: santo
e disciplinado, pastor de seu próprio lar,
líder carismático e, homem de Deus
com testemunho social.




Vejamos essas afirmações em detalhes.


Pastor de si mesmo


Será que existe algo mais sério do que o momento devocional que o Ministro precisa ter? É a reflexão, a hora da sua alimentação e de seu fortalecimento. A maturação do homem de Deus requer exercícios espirituais, quais sejam: oração, leitura, tanto da Escritura Sagrada, quanto de outras obras; jejuns e tudo mais que é licito e o faça progredir, 1Tm 4: 7.

Como o Senhor Jesus intercedia pela igreja através da oração, assim, para vencer, o pastor tem de ser um intercessor, Hb 13: 17. Os jejuns do pastor não se restringem a alimentos, mas também à conversa excessiva e, nas devidas proporções, até de sexo, quando devidamente combinado com a esposa, pois ela é com ele uma só carne.

O pastor jamais pode se esquecer de que tem o dever de se dedicar com acuidade ao ministério que desempenha, Rm 12: 7, porquanto o povo o vê como mensageiro do Deus altíssimo, Ml 2: 7. E, por mais simples que julgue ser o seu rebanho, jamais pode descuidar-se do próprio desenvolvimento cultural, para não cair no ridículo e nem ser um o mensageiro que induza o povo a erro, mesmo não tendo tal intenção.

Assim, o Ministro tem, em primeiro lugar, uma ação pastoral consigo mesmo.


Pastor de seu lar

É no lar que o pastor expõe suas virtudes e defeitos. Porém, é inconcebível que os defeitos superem as virtudes. Precisa o homem de Deus ter uma constância espiritual em cada setor de militância ministerial.

O apóstolo Paulo, em 1Co 7: 33, fala-nos sobre a situação do casado e suas responsabilidades relativamente ao cônjuge e, em se tratando do ministro de Deus, com maior singularidade, de vez que o seu viver tem fins didáticos para o rebanho.

No desempenho como pai e marido, o pastor precisa equilibrar as funções, porquanto qualquer inclinação exagerada poderá causar estragos que só serão vistos com o passar dos anos.

O Ministro do Evangelho precisa ter mensagem que sirva de alimento para sua esposa e filhos, sendo esta uma das mais árduas tarefas do seu ministério.

Os familiares do pastor devem estar lado a lado com ele no labor ministerial, embora saibamos que nem sempre isto é possível, por implicar na decisão pessoal da sua esposa e dos próprios filhos. Além do mais, por vermos que mesmo os grandes líderes da história bíblica, em maioria, não galgaram este prazer, ainda que vivenciando uma cultura ultramachista.

Convém advertir que os familiares do pastor não podem ser tidos como pessoas especiais, a ponto de serem prejudicados por excesso de zelo por quem quer que seja ou, então, protegidas pela impunidade.


Líder carismático na igreja

As condutas do pastor, como é sabido, têm múltiplas facetas, visto ser reconhecido entre povo de Deus, na qualidade de pai, árbitro, conselheiro, irmão maduro, mestre, administrador, planejador, empreendedor, mas, sobretudo na função que lhe é peculiar, ou seja, Profeta de Deus.

É de sua ação pastoral nessas áreas que se pode avaliar seu grau de maturidade quanto ao dom ministerial. Não é bastante que um crente seja espiritual e bom chefe de família para ter condições de gerir a obra de Deus.

Está aí, a meu ver, a origem da frustração e da improdutividade de alguns obreiros e também o mais grave equívoco da igreja na escolha de futuros ministros.

Visitei uma igreja, a serviço do Presbitério. Esta se achava afundada em problemas mil e um dos membros disse-me que estava saindo da igreja, assim como outros já tinham feito. Mas, como amava a denominação, voltaria tão logo fosse substituído o pastor.

Fiquei intrigado com o caso e perguntei-lhe qual a razão de tal atitude. O irmão respondeu-me: nada tenho contra a moralidade e a postura espiritual do pastor, mas tenho muito a lamentar quanto à sua incompetência em administrar e tomar decisões. Ante todo problema ele responde: "vamos orar, irmão”.

O tempo do pastor é precioso. Entendo que as visitas nos lares devem ser de curta duração. As conversas devem ser sérias, pois muita intimidade prejudica o pastor, sobretudo se este ainda é jovem.

Fui presbítero durante muitos anos e confesso que a excessiva aproximação ao pastor torna-se inconveniente a ele, bem como à própria ovelha, pois esta não mais terá facilidade de contar ao seu pastor alguma crise íntima e talvez nem mesmo esperará dele socorro adequado, preferindo procurar outro conselheiro para desabafar suas dificuldades.

O pastor deve, a não ser em casos especiais, senão a convite, evitar ir ao encontro de crentes em seu local de trabalho e, caso seja isto imprescindível, não pode se esquecer-se de que sua ovelha está cercada de pessoas que requerem atenção, cortesia e respeito. Dentro do possível, deve evitar tratar de assuntos polêmicos ou agir com exagerado misticismo, atraindo demasiada atenção dos outros para a sua pessoa.

O Ministro peca ao discriminar irmãos, visitando especialmente o de melhor poder aquisitivo ou tratar, com sutileza, procurando os que contribuem com maior dízimo. Isto é pecado grosseiro.

Nunca esqueçamos que o obreiro inescrupuloso é conhecido do seu sucessor.

As pessoas vêem no pastor o homem de Deus e atendê-lo é como prestar um serviço ao Senhor.

Eis por que, mesmo às vezes sendo espoliadas, as ovelhas, estrategicamente, tendem a se deixar esbulhar, até certo ponto, pois, dessa forma, entendem que dividem seus pecados com a mochila de pecados do pastor e assim persistem em práticas pecaminosas, aumentando suas dívidas espirituais, Is 46: 11.

O pastor não pode aliar-se a facções na igreja. Isto é notória imaturidade, pois se assim o fizer não terá como agir na condição de árbitro em questões. Dessa forma, aquele que tem o dever de contribuir com palavras sábias para encaminhar soluções em causas entre irmãos torna-se impedido de assim agir, pois faz parte da pendenga, 1Co 6: 5.

É tido por vazio o obreiro palrador. O sábio Watman Nee no livro O Obreiro Cristão Normal, diz: “O obreiro que muito fala perde poder,” Tg 1: 19. É exigido do pastor que seus negócios particulares estejam sempre em ordem, pois seu nome representa a igreja local. O pastor não pode abusar da liberdade do seu horário, bem como do tempo em geral para inventar caçadas, passeios, pescarias, em dias que não lhe pertencem.

É imprescindível que o líder maior da igreja goze do respeito e do bom relacionamento dos oficiais da igreja, evitando que a imprudência, as maledicências, as invejas e outros senões façam brotar amarguras e perturbar o bom andamento do corpo de Cristo.

Deve estar atento para, quando a ideia do irmão for melhor que a sua, admitir as observações dos oficiais, ainda que não lhe sejam agradáveis, sendo, porém, lógicas e verdadeiras. Ademais, deve cuidar para que a influência da esposa não se faça presente nas decisões do Conselho e tampouco deixar que revelações e profecias norteiem a administração da igreja.

Não vai aqui condenação qualquer aos dons espirituais que devem ser exercitados normalmente na igreja, mas uma observação necessária. Um pastor que tem consciência de sua vida com Deus não permitirá ser um títere de quem quer que seja.


O homem de Deus na sociedade

Houve um tempo em que o Ministro do Evangelho era visto com maior respeito na sociedade, mesmo sem que a sua mensagem fosse bem acolhida. Porém, com a proliferação dos “vendedores de bênçãos”, o pastor deixou de ser olhado respeitosamente, o que faz com que busque maior respeitabilidade perante a sociedade.

Não delongarei sobre este tópico, pois a Bíblia é rica em mostrar qual deve ser a conduta do crente em meio à sociedade, mas chamarei o exemplo de um velho profeta que com seu conhecimento deixou para o obreiro um belo roteiro de vida. Trata-se do profeta Eliseu. Ele foi:

a) Homem de trabalho. Foi chamado para ser profeta quando arava o campo, 1Reis 19: 17. Deve o pastor ser conhecido como varão ativo, respeitado pelo seu desempenho em prol do bem pessoal e coletivo;

b) Servo atento, foi apegado ao mestre Elias e perseverante no aguardo da bênção, 2Reis 2: 1-14;

c) Ministro santo. Pelos seus modos, distingue-se de longe aos olhos observadores da sunamita, inspirando, assim, respeito e influindo, por certo, naquela vida 2 Reis 4: 9;

d) Homem de acesso livre. Tanto junto ao mais simples do povo como ao palácio do rei. Porém, humilde e manso, 2Reis 4: 13;

e) Profeta cheio de poder. Foi conhecedor dos oráculos do Senhor a ponto de ministrar a concepção da vida, 2Reis 4: 16;

f) Homem capaz. Pôde desfazer pelo poder de Deus obras estranhas, levando ao seu povo alegria, socorro e reconhecimento da existência do Senhor Deus, 2Reis 4: 17.



Finalmente

Ser Ministro do Evangelho é ser depositário de missão muitíssimo relevante, pouquíssimo entendida por demais deturpada nos momentos atuais, porém indispensável, pois todo homem precisa de guias espirituais idôneos para auxiliá-lo na visão do caminho para Deus que, embora pareça livre, encontra-se cheio de percalços, como bem ilustra o livro O Peregrino, do autor inglês João Bunyan.

A ministração espiritual é das mais antigas atividades no mundo. Foi designada por Deus e deturpada por Satanás, com o fim de manter o homem no engano.

O Ministro de Deus vê além da cortina natural e sabe que o físico é manipulado pelo espírito e que somente a sabedoria dada por Deus dá condições para ver a patente interação do invisível e visível. Somente o Senhor Deus pode fazer o obreiro entrar no mundo paralelo, tirar os obstáculos e assimilar, pelas Escrituras, o remédio seguro, imunizante do mal.

Ser Ministro de Cristo não é ser gerente de igreja, não é ser técnico de ritos religiosos; é, antes de tudo, ser exemplo de vida ante o mundo tangível, ou seja, o natural e o espiritual, sofrendo, alegrando-se, tropeçando, levantando-se, sendo por vezes incompreendido, mas a todos compreendendo, pois Deus é o seu ajudador.

Acrescendo a tudo isso, é importante sempre e bom lembrar que Satanás não respeita qualquer criatura e título, a não ser que esta viva sob o manto da justiça, na prática da retidão.



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O autor




Francis Farias da Silva

é pastor da IPRB desde 10/01/1980.
Detentor do prontuário número 230.
Pastor da 14ª IPR de Goiânia, GO.
Artigo publicado no Jornal Aleluia de novembro de 1992.




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